Lendo Contos: O espelho de Machado de Assis

Quem perde uma das metades, perde naturalmente metade da existência; e casos há, não raros, em que a perda da alma exterior implica a da existência inteira.

O espelho de Machado de Assis é um dos contos mais incríveis que já li. Desde meu primeiro contato jamais esqueci da reflexão ou da “teoria da alma humana”, contida nele.

É um narrativa em camadas. Um grupo de cavalheiros está conversando sobre assuntos profundos, metafísicos; quando um deles chamado Jacobina, reclama atenção, deveria falar sem ser interrompido sobre um episódio de sua juventude que serviria de demonstração acerca da matéria de que tratavam: a alma humana.

Jacobina conta um caso muito interessante sobre o que lhe aconteceu quando aos vinte e cinco anos foi nomeado alferes da Guarda Nacional.

Essa é uma das tais obras literárias que nos oferece uma experiência transcendente. É impossível ler esse conto e não olhar para dentro e depois para fora de nós mesmos com muitas perguntas de difíceis ou temíveis respostas. Machado de Assis coloca em palavras algo que talvez nunca tínhamos pensando sobre, mas dada a fagulha acende de uma vez na mente e no coração.

Como nos vemos? Como os outros nos veem? O que importa mais: como nos vemos ou como os outros nos veem?

São algumas perguntas de muitas que o conto provoca dentro da gente.

Não só o tema, tudo na narrativa impecável corrobora para o grande impacto no leitor. Iniciado em terceira pessoa e terminado em primeira, enredo, a inquietação pela curiosidade…

Enfim, esse é um conto imperdível.

*Créditos imagem cabeçalho


+INFO: O ESPELHO, de Machado de Assis | Publicado originalmente em 1882 | Edição lida: 50 melhores contos de Machado de Assis, Companhia das Letras 2007

Classificação: 5

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