“Lembro-me de Viena assim como os senhores pensam em irmãos, em amigos…”
Estou relendo a autobiografia do Stefan Zweig, O mundo de ontem: memórias de um europeu. O objetivo é fazer mais lentamente que da primeira vez e pausar sempre que necessário. E logo foi necessário, parei para ler esse ensaio do Zweig citado por Alberto Dines no prefácio.
Conforme Dines, A Viena de ontem é uma espécie de trailer das memórias que Zweig pensava escrever e concordo. Qualquer que tenha lido sua autobiografia reconhecerá no ensaio uma síntese de alguns pontos relevantes.
Zweig eleva sua amada Viena, a que ele nasceu e viveu, tão alto que deslumbra a todos nós que só conhecemos fragmentos desse mundo de antes da primeira guerra. Viena, reconhecida como um dos polos da cultura europeia, para ele era um lugar com uma missão especial: a de defender uma cultura superior. E disso ele testemunha levando-nos pela literatura, teatro, música e até a dança que todos sentiam em Viena. Sim, segundo Zweig desde a casa imperial até o coração do vienense médio, todos eram arrebatados por uma paixão pelas artes produzidas naquele tão abençoado lugar para qual artistas de diferentes países afluíam a fim de melhor se desenvolverem.
“Assim como uma planta precisa da terra adubada, assim a arte produtiva precisa do elemento acolhedor para poder se desenvolver […] – o grau mais elevado de arte é sempre atingido onde ela é a paixão de todo um povo.”
Tal era o entusiasmo dos vienenses com as artes, que Zweig confessa: “negligenciavam até a política por amor à cultura.” Nisso talvez se justifica sua estranheza e desamparo diante do rancor nacionalista que ameaçava as fronteiras de Viena, o lugar da cultura coletiva, dos sonhos de um reino supranacional.
*Pintura “O Beijo” de Gustav Klimt (1862-1918), Viena
+INFO: Disponível em O mundo insone, Editora Zahar, 2013
Um dos livros de memória que mais gostei até hoje e Zweig é um dos escritores que mais gosto da sua escrita e adoro-o ao nível de romances curtos ou contos longos muito intensos
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É um dos meus favoritos também. Já adquiri algumas edições das narrativas de ficção, vou ler em breve.
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