O Abrigo de Nora Roberts #104 | Resenha

Meu primeiro Nora Roberts

Esse foi o meu primeiro contato com a Nora Roberts. E cheguei à ela, como há diversos outros autores, pelas várias indicações dos blogs e canais literários que eu acompanho. Aqui e ali sempre me deparei com elogios e críticas às suas obras. Em especial, me lembro de uma resenha em vídeo que assisti sobre esse livro que o fixou em minha mente como o escolhido para começar a ler a autora. Ainda que, antes eu tenha dado uma folheada em um ou dois capítulos de uma obra mais antiga dela chamada “O Testamento”, que não gostei e abandonei rápido.

Shelter in place, O Abrigo, foi publicado em 2018. Um romance com suspense, talvez até um romance policial, mas mais suspense. Pelo que pesquisei a Nora Roberts é conhecida como uma autora de romances românticos. Então esse aqui faz parte daqueles títulos fora da curva, onde ela incrementa suas histórias de amor com esses elementos.

A escrita da Nora Roberts é inegavelmente boa. Fluída, envolvente. Dá para perceber que ela domina o que faz. O enredo é igualmente interessante. O livro dividido em três partes, começa com um tiroteio em um shopping nos arredores de Portland, Maine; o que envolve o leitor muito fácil. Quem nunca ouviu falar nos noticiários sobre esses bizarros tiroteios que acontecem nos EUA. A história se desenvolve a partir dos sobreviventes dessa tragédia, de como eles lidaram com o trauma, o luto por aqueles que partiram…, e o que para mim foi o ponto mais interessante: qual era a causa real daquele tiroteio que a princípio parecia aleatório – justamente o que os noticiários nunca revelam.

No entanto, essa leitura para mim foi cheia de altos e baixos. Gostei muito da primeira parte, mas pela segunda e terceira foi decaindo, quase ladeira abaixo. Ela escreve bem, mas é perceptível que ela escreve para agradar um público em especial. São 462 páginas que exigem um certo fôlego, principalmente nas partes que não tinham diretamente nada a ver com a história, mas sim na minha opinião, com cumprir o protocolo com a chamada “diversidade” e a causa animal por exemplo (entendedores entenderão).

Algo que eu não poderia deixar de comentar, é que nunca uma epígrafe de um livro fez tanto sentido para mim durante a leitura. Não me lembro de outra experiência dessa em que a primeira frase de um livro tenha ficado comigo da primeira à última página.

“Em memória de minha avó de cabelo ruivo.”

O amor entre avó e neta na literatura, achei isso tão bonito! Simone Knox, a neta, que conhecemos nas primeiras páginas do livro com dezesseis anos dentro do cinema do shopping; é uma artista. Da personagem em si, eu não gostei, mas da descoberta e crescimento dela na arte, gostei muito. Cici, a avó, é uma personagem interessante, como uma mentora artística, com seu estilo irreverente, a imaginei uma hype. Ela é tudo o que não se espera de uma avó.

Reed Quartemaine, é outro protagonista, o “mocinho” da história, mas sinceramente sobre ele e os outros personagens e até a grande vilã da história, eu não tenho muito a dizer. São personagens condenados ao esquecimento tão logo terminamos a última página.

Para não me prolongar muito mais, entre os altos e baixos do livro, houve mais o que me desagradou do que o contrário. Sendo que entre as coisas que mais me desagradaram o próprio romance, então… Inclusive tem uma cena específica que o Reed levanta a Simone do chão que quase me fez abandonar a leitura – e vomitar. É bizarro como os autores desses romances modernos fazem de tudo para ir contra a ordem, contra os princípios e as virtudes. E aí que o que era para ser belo, sensível, inspirador, acaba passando bem longe disso, chegando a ser ridículo como essa cena horrenda. O meu grande problema com esses livros contemporâneos é que na minha opinião são muito pobres, não enriquecem, não recompensam. E alguém pode argumentar: “Ah mas são livros de entretenimento, nem todo livro precisa passar algo…”, porém meu ponto é que tenho a impressão que eles não só deixam de enriquecer com algo, mas dependendo do leitor, eles tem o potencial para empobrecer.

O Abrigo é um livro que eu considero de entretenimento, e o li como tal. O que esperava dele era algo leve, para passar o tempo, e isso ele entregou. Passei um pouco de raiva? Passei, mas me diverti também e pretendo ler outros títulos da autora.


+INFO O Abrigo | Título original: Shelter in place, 2018 | Autora: Nora Roberts (1950- ) | Tradução: Valéria Lamim | Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2018 | 462 páginas | Compre: Amazon, Estante Virtual

★★★★★

2 comentários sobre “O Abrigo de Nora Roberts #104 | Resenha

  1. Nunca li nada dela, precisamente por esse rótulo de romântica e escrever para agradar o leitor, não para criar oras de arte mas peças comerciais de venda de livro em supermercado.
    Não sabia que havia a Bertrand no Brasil, uma grande editora e também a livraria mais antiga em Portugal e das mais antigas da Europa.

    Curtido por 1 pessoa

    1. Pois não está perdendo muita coisa Carlos. Como eu disse, alguns blogs que acompanho gostam da autora, por isso dei uma chance e ainda pretendo conferir outros títulos. Vamos ver o que vou encontrar.

      Gosto muito da Bertrand Brasil. Tenho aqui em casa algumas edições físicas deles, são muito boas. Quando eu voltar à Portugal tenho que conhecer essa livraria.

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